A combinação parecia estar bem feita e rea facil. Buscar um barco a Vilamoura, trazê-lo para Lisboa, por mar já se vê e à vela claro está.
Simples, facil e bastante apetecivel. Lá se arranjou tripulação, marcou-se passagem de comboio para baixo e arrancou-se para a marina. O dono do barco tinha-o comprado há 3 dias atrás, desejoso de se aventurar pelo mar adentro. Ainda pouco experiente nas coisas maritimas, mas com vontade de aprender e ganhar milhas. Na vespera um contratempo no motor fora resolvido e tudo indicava que a viagem seria um passeio no parque. O tempo estava bom, o vendo embora contrario não punha obstáculos, o barco parecia em estado de navegar.
Depois de instrucções dadas para o abastecimento de combustivel e viveres, lá chegamos à amarração. sem confirmar os viveres, acreditando na electronica e fazendo uma rápida vistoria aos cabos e meios de salvação, largamos amarras rumo ao norte. eram já sete da tarde e a viagem à noite seria uma certeza. Passariamos S. Vicente pelas 4 da madrugada, com bom vento. Depois seria subir a norte acompanhados pelo nascer do Sol com um belo dia quente que nos levaria até Lisboa ao fim da noite. Nada previa o contrário.
Mas no mar, o mar manda o vento comanda e é preciso sempre fazer adaptações. Ao largo de Lagos, já com o rumo a S. Vicente, umas 4 milhas fora da costa a ventania entre os 27 e 31 nós apareceu, o mar encrespou, nada de violento mas cavado e muito mexido. A tripulação, cansada da viagem ressentiu-se e por bem e bem resolveu aportar em Lagos para passar a noite, eram onze da noite, daria para comermos qualquer coisa e zarpar logo pela alvorada.
Chegamos a terra aportamos no pontão de espera da Marina, já que aquela hora não se justificava e era impossivel pedir um cais de amarração.
Bem amarrados passamos a ponte para um jantar bastante agradavel de bifes grelhados...fritos na grelha...especialidade da casa talvez, mas de agradável sabor e teixtura. Recolhemos eram uma da manhã e dormimos até ás 6. Hora que zarpamos.
O motor comportava-se bem, os instrumentos marcavam a rota e a velocidade de 6 nós fazia prever uma viagem já mais longa do que o esperado. Mas tudo seguia bem.
A comida, não verificada e confiada mostrou-se parca, um pacote de pão rico e umas fatias de fiambre, mortadela e pouco mais. Àgua havia suficiente, e em grande quantidade, coca-colas. Mas como as previsões estavam agradáveis, pareceu não ser relevante a falta de substancia alimentar.
O vento que acalmou durante a noite, voltou a aparecer mas sem a intensidade da vespera, estava a bater os 12 15 nós, ideal para aquele barco navegar.
Foram rápidas as 3 horas e meia até ao Cabo, e quando já estavamos entre a ponta de Sagres e S. Vicente, com o motor a 3.000 rotações para desviarmo-nos de um arrastão, o primeiro sinal apareceu.
Sem razão aparente, já que não ia em seforço, o motor sobre-aqueceu, e todos os alarmes de temperatura, pressão do óleo e baterias apitaram. Imediatamente um cheiro a quente e queimado apareceu no poço, automaticamente, desligamos o motor, abrimos a coberta e esperamos para ver se alguma coisa estava a arder. Nada. tudo normal fora a temperatura e o cheiro a quente do motor. Por bem não o ligámos de novo e deixamos arrefecer umas horas enquanto seguiamos rumo a norte.
Nesta altura ainda pensei em voltar atrás e parar em Sagres, logo ali escondida pela ponta. Decidimos avançar, havia vento, o motor mesmo que fosse necessário seria pouco tempo, em vez de rumarmos a Lisboa, apontamos a Sines, subbindo junto à costa com bordos curtos. Assim se passou o dia até chegarmos ao largo da Arrifana, onde repentinamente todos os aparelhos de navegação se calaram e desligaram, tinhamos acabao de ficar sem bateria. Não uma mas as duas!!
Ao verificar os istrumentos demos pelo frigorifico ligado, tinha estado ligado toda a noite, e todo o dia, ajudando, a descarregar mais depressa as baterias, embora esse não tivesse sido a principal causa.
Confiante na passagem de testemunho o dono do barco acreditou no antigo dono que as baterias estavam em condições, condição que se provou não ser a verdade.
Assim, ao largo, talvez umas 6 milhas da costa, junto a Arrifana e Monte Clérigo, só com as baterias dos telemoveis carregadas ainda continuamos a navegar para norte, a fazer os 5 nós quando o vento deixava, mas a fazermos uma média de 3 nós.
A viagem começava a mostrar-se ainda mais longa. Sines era agora o nosso porto obrigatório.
Especulou-se em fazer meia volta e regressar a Sagres ou Lagos, concertar o motor e de novo arrancar, mas a distancia entre os dois portos e a noticia de ventos mais fortes a sul , manteve-nos na decisão de rumar a norte a Sines.
Um bordo para fora seriu para apanharmos mais vento e apreciarmos a pesca de uma baleia piloto junto com alguns gansos patolas, um bom fim de tarde, que agoirava uma bela noite.
Sem piloto automatico, sem instrumentos, segurei-me ao leme o maior tempo possivel, revessando-me varias vezes com o dono que , além de mim era o único que percebia pouco de vela. Subimos a costa sempre com o Cabo Sardão à vista a noite toda. De madrugada, já umas 10 milhas passadas do Sardão, o vento caiu com o nascer do Sol. Ali ficamos 6 horas à espera de uma brisa, que nos levasse junto das chaminés de Sines, já à vista.
Não avistamos brisa nem sentimos um vento amigo a levarnos a bom porto. Estando ao largo de Vila Nova Milfontes, com os telemoveis ainda com alguma bateria, sem rádio para comunicarmos, começamos a fazer telefonemas para o seguro, para os amigos para a capitania, para Deus e para o Diabo a fim de nos socorrerem. Não estavando em perigo de vida as autoridades não podem socorrer.....Belo País este!!!
Ao fim de quatro horas à deriva, sem vento, depois de largarmos um very light, de sinalizarmos barcos que passavam ao largo, barcos que pescavam mais perto da costa e que viram os sinais de pedido de ajuda nenhum, se mexeu nenhum virou a proa na nossa direcção, nenhum fez nada, e a corrente calmamente nos levava para sul onde tinhamos passado há 8 horas atrás.
Por fim, depois de esgotarmos as baterias dos telemoveis, lá recebemos noticias.
Da capitania, como não havia vidas em perigo...nada. de Sines, a fantástica companhia de seguros depois de se fazerem pelo menos 45 chamadas telefónicas informa-nos que participam no reboque com 125€....fantástico...tendo em conta que um orçamento que nos cehgou via telemovel pedia 6.000€. O vento esse também não aparecia.
Até que, depois de um telefonema para Vila Nova e uma resposta de Vila Novo feita por uma pessoa de caracter, honestidade e integridade lá nos conseguiu pro portas e travessas mover a boa-vontade do Eduardo, que no fundo é isso mesmo, uma pessoa do mar com boa vontade em ajudar.
Apareceu-nos um semi-rigido do ISN conduzido pelo grande Eduardo Minhoca, o Minhoca, conhecido pelas gentes de Vila Nova e arredores. Homem são. Sem maldade com viviencia na barra de Vila Nova, cabelo curto e grisalho seco mas sem ser demasiado mosculado, bem moreno do sol e das ondes com quem toda a vida conviveu. Sorriso e conversa facil e afafél, chegou, acompanhado por um Papa Mike que mal se percebia o que dizia, farda suja e gasta, barba por fazer dentes por caír, e não fosse a distancia, a certeza de ter halito a bebida, já que é passatempo diario em forma de matar o tempo. No fundo igual a muitos outros seus colegas.
Do semi rigido logo nos perguntou Eduardo como estavamos, enquanto respondiamos o Papa Mike agarrado ao rádio transmitia para a capitania o desenrolar das coisas.
Ao leme, Minhoca não deu tempo, exigiu-nos um cabo para fazer o reboque até à barra. Borucracias tratariam-se mais tarde, como homem do mar vivido que é sabe das coisas. Primeiro salva-se e aruma-se , depois conversa-se.
Mas....num gesto de profissional de meia tigela, dentro de uma farda amafarnhada, impondo todo o seu poder burucrático sobre a situação e valendo-se da instiutição que tristemente representa, Papa Mike, balbuciou; "O seguro? já comunicaram ao seguro? são 300€ de reboque, sem o OK do seguro não rebocamos", já estavam a rebocar, o seguro nada tinha comunicado à capitania e zás!!! toca de largar as amarras de novo ao mar...."desemerdem-se" foi o que obtivemos da autoridade maritima!!!
Expectacular desenlace para um fim breve à vista.
Rebocados pela boa vontade do Minhoca do ISN, fomos de novo deixados à deriva pelo zelo profissional da policia maritima!!! e....desemerdem-se....
Desemerdamo-nos claro!! graças aos telefonemoas feitos para terra para certa pessoa de Vila Nova o Minhoca desemerdou-nos e cagou na autoridade. Graças a eles fomos rebocados até porto seguro, barra de Vila Nova Milfontes a dentro onde calmamente fundeamos para reparações.
Logo no seu zelo maxim, os colgas Papa Mike apareceram para fazer uma inspecção aos meios de salvamento do barco. Meios que estão claro, está todos em ordem, mas se a vontade que nos têm em inspeccionar em porto seguro, fosse a mesma que poderiam ter tido em nos rebocar, de certeza que em vez de 9 horas no mar à deriva, tinhamos passado somente 2 ou menhos.
Infelizmente é assim neste País. Felizmente à gente como o Minhoca, como o Lipão e como muitos mais anónimos que vão fazendo o melhor que nós portugueses temos...desenrascando, contrariamente a leis e borucracias criadas por paspalhos de gravata sentados em gabinetes onde ninguém tem tomates para tomar decisões.
A Lição foi aprendida. se for para o mar avio-me em terra, se estiver no mar não contes com nenhuma autoridade oficial. Conta com os teus amigos e amigos dos teus amigos, porque esses são HOMENS.
tudo o mais é ralé.
segunda-feira, agosto 27, 2012
segunda-feira, agosto 20, 2012
Sardinha na Mão...Pois então!!
Estava calor naquele Domingo, quando se levantaram para preparar o Banquete. Eram as festas na aldeia e por isso tinham dispensado a criadagem, não valia a pena e o banquete era fácil, assim como assim ainda lhes saberia melhor serem eles a preparar tudo.
Depois do pequeno almoço, tomado na soleira da casa de jantar, ali com vista para o monte, acompanhados pelas cigarras que começavam a anunciar o calor que chegaria, seguiu ele para a horta colher os legumes. Alface, tomate e manjericão para a salada, pepino para o gin e também para a salada, pimentos para acompanhamentos com a batata nova já arrumada no celeiro.
Ela ficou-se pela cozinha, lavando, cortando, picando, e arranjando o cesto trazido da horta. Ele correu á lenha, apanhou algumas pinhas e trouxe uns bons tarolos para fazer o carvão, na casa do pão ao lado do forno, ainda quente da fornada da véspera apanhou mais umas achas e acendeu o grelhador. Enquanto lá dentro na cozinha da casa o calor começava a apertar, as persianas da janela estavam corridas como que filtrando o ar e deixando o quente de fora, mas nem uma aragem corria. Por bem resolveram fazer o banquete ao ar livre, na varanda arejada a sul com a vista para a serra e as vinhas. sem cerimonias puseram uma velha vela do barco que tinham para dar algum conforto e sombra.
Depois foi a vez das sardinhas da D. Emília, vindas de Peniche trazidas na gamela, ainda como que a saltar. Sal para cima delas e cobertas com água do mar para mantê-las frescas até à hora de assar.
Os convivas começaram a chegar, esbaforidos com o calor, era uma da tarde. Uns de Cascais, outros de Lisboa, e outros do vizinho casal de Sta. Teresa.
Como que a recebê-los umas garrafas de vinho verde branco para apaziguar o calor foram servidas e bebidas na varanda à sombra da vela para acalmar a fome os percebes trazidos foram devorados alegremente.
As brasas pareciam estar prontas e chamavam pelas sardinhas, que prontamente foram postas na grelha. Talvez por fraca noção as brasas atearam de novo fogo, alimentadas pela maravilhosa gordura que caía do peixe. Não estorricaram e a primeira leva deu o mote ás seguintes. Muito fumo mas a grelharem bem e no ponto. Os pimentos, colocados nas brasas deram um aroma à volta do grelhador que fazia crescer água na boca. descascados , e cortados foram postos na mesa temperados com o azeite do último ano. Um pitéu.
Sardinha a sardinha, lá se foram abrindo uma atrás da outra as garrafas do vinho branco que estava no frio desde a véspera. E assim se passou aquela tarde de Domingo na varanda.
A criançada entretanto aproveitou o calor e rumou ao lago para se refrescar, onde por lá se entreteram um bom par de horas.
Seguiu-se o café, e como o calor apertava, os digestivos foram deixados. Como refugiu passaram todos para o jardim, onde o fresco estava mais apetecível.
Ali, debaixo do alpendre á sombra, sentados no banco de Cascais, a amena cavaqueira prolongou-se pelo resto do dia. Alguns aproveitaram e foram fazer um passeio higiénico pela quinta, aproveitando para ver o andar das vinhas, fazerem conjunturas sobre as vindimas que se avizinham, o calor nesta altura pode trazer qualidade, as chuvas podem ajudar a crescer a quantidade, os prógnosticos parecem bons. Mas só daqui a um mês ou dois é que se vai saber. A caça passa a passo de caracol, escondida entre as sombras das estevas e dos arbustos, no ar uma águia vigia algum coelho mais distraído e as galinholas nos canaviais junto à lagoa refrescam-se tranquilamente.
De volta a casa, a conversa anima-se entre um copo de rum e hortelã, servido como refresco. Um chá gelado e água com limão apazigua a sede. E a tarde avança para o principio da noite. É a hora de recolher, voltar à estrada e acender os candeeiros.
Os convivas partem, contentes com o dia bem passado, os anfitriões felizes com a recepção e ao mesmo tempo cansados com o dia.
Num resumo curto, foi bom. Muito bom e a pedir uma repetição.
Depois do pequeno almoço, tomado na soleira da casa de jantar, ali com vista para o monte, acompanhados pelas cigarras que começavam a anunciar o calor que chegaria, seguiu ele para a horta colher os legumes. Alface, tomate e manjericão para a salada, pepino para o gin e também para a salada, pimentos para acompanhamentos com a batata nova já arrumada no celeiro.
Ela ficou-se pela cozinha, lavando, cortando, picando, e arranjando o cesto trazido da horta. Ele correu á lenha, apanhou algumas pinhas e trouxe uns bons tarolos para fazer o carvão, na casa do pão ao lado do forno, ainda quente da fornada da véspera apanhou mais umas achas e acendeu o grelhador. Enquanto lá dentro na cozinha da casa o calor começava a apertar, as persianas da janela estavam corridas como que filtrando o ar e deixando o quente de fora, mas nem uma aragem corria. Por bem resolveram fazer o banquete ao ar livre, na varanda arejada a sul com a vista para a serra e as vinhas. sem cerimonias puseram uma velha vela do barco que tinham para dar algum conforto e sombra.
Depois foi a vez das sardinhas da D. Emília, vindas de Peniche trazidas na gamela, ainda como que a saltar. Sal para cima delas e cobertas com água do mar para mantê-las frescas até à hora de assar.
Os convivas começaram a chegar, esbaforidos com o calor, era uma da tarde. Uns de Cascais, outros de Lisboa, e outros do vizinho casal de Sta. Teresa.
Como que a recebê-los umas garrafas de vinho verde branco para apaziguar o calor foram servidas e bebidas na varanda à sombra da vela para acalmar a fome os percebes trazidos foram devorados alegremente.
As brasas pareciam estar prontas e chamavam pelas sardinhas, que prontamente foram postas na grelha. Talvez por fraca noção as brasas atearam de novo fogo, alimentadas pela maravilhosa gordura que caía do peixe. Não estorricaram e a primeira leva deu o mote ás seguintes. Muito fumo mas a grelharem bem e no ponto. Os pimentos, colocados nas brasas deram um aroma à volta do grelhador que fazia crescer água na boca. descascados , e cortados foram postos na mesa temperados com o azeite do último ano. Um pitéu.
Sardinha a sardinha, lá se foram abrindo uma atrás da outra as garrafas do vinho branco que estava no frio desde a véspera. E assim se passou aquela tarde de Domingo na varanda.
A criançada entretanto aproveitou o calor e rumou ao lago para se refrescar, onde por lá se entreteram um bom par de horas.
Seguiu-se o café, e como o calor apertava, os digestivos foram deixados. Como refugiu passaram todos para o jardim, onde o fresco estava mais apetecível.
Ali, debaixo do alpendre á sombra, sentados no banco de Cascais, a amena cavaqueira prolongou-se pelo resto do dia. Alguns aproveitaram e foram fazer um passeio higiénico pela quinta, aproveitando para ver o andar das vinhas, fazerem conjunturas sobre as vindimas que se avizinham, o calor nesta altura pode trazer qualidade, as chuvas podem ajudar a crescer a quantidade, os prógnosticos parecem bons. Mas só daqui a um mês ou dois é que se vai saber. A caça passa a passo de caracol, escondida entre as sombras das estevas e dos arbustos, no ar uma águia vigia algum coelho mais distraído e as galinholas nos canaviais junto à lagoa refrescam-se tranquilamente.
De volta a casa, a conversa anima-se entre um copo de rum e hortelã, servido como refresco. Um chá gelado e água com limão apazigua a sede. E a tarde avança para o principio da noite. É a hora de recolher, voltar à estrada e acender os candeeiros.
Os convivas partem, contentes com o dia bem passado, os anfitriões felizes com a recepção e ao mesmo tempo cansados com o dia.
Num resumo curto, foi bom. Muito bom e a pedir uma repetição.
sexta-feira, agosto 17, 2012
Do Capitão ao Barão
Altivo no porte, grisalho no cabelo, cigarro na mão e vespa entre as pernas. É assim que agora vejo o meu amigo Barão, sempre preocupado com a sua aparencia, não tem o pente no bolso, mas as camisas engomadas e pólos sem vincos fazem parte dele como os jeans e as botas de caneleira alta bem ensebadas.
Conheci-o nas andanças nocturnas já vai para alguns anos, talvez no Ad-Lib acompanhado pelo Diogo e o saudoso amigo Xico, aquele Metralha de grande porte e suave no trato.
Passado pouco tempo já convivíamos trocando opiniões sobre esta ou aquela parola que deambulavam pelos nossos poisos a quererem ser gente....
Reencontramos-nos no Porto, onde o Barão recebeu o posto de Capitão. Aí vendia cosméticos e afins, depois de ter deixado em Lisboa uma carreira brilhante no automobilismo nacional. ( Vendia carros). Os negócios fazia-os à noite junto ao bar a olhar para a pista de dança. Dançar francamente vi-o pouco, só quando uma presa se atravessava nas garras.
No reencontro no Porto, já feito Capitão das artes do flirt , o Barão aí já dançava, vivia na foz, no Passeio Alegre e o seu modesto apartamento transbordava vida, esplanada na rua, musica na sala, bebida na mão via as catraias passar. Á noite lá recolhia ao seu refugio mesmo ali ao lado, o Twins, ainda com a traça original, onde o disco Jockey ( agora DJ) imediatamente ponha a musica dos Roxette como que anunciando a entrada do Capitão.
Mostrou-me em três semanas todo o Porto que não conheci em 3 anos de estudos, levou-me aos restaurantes da moda, ás tasquinhas dos bairros às casas dos amigos,que se tornaram meus amigos também. Fez-me gostar da Invicta, de tal forma como a odiava no passado. Tornou-me também um Homem do Nuorte! Uma honra!!.
Deixei-o nessas terras e rumei para os ilhéus, ele rumou de novo a sul. Deixamo-nos de nos ver uns tempos, até que quando voltei das ilhas e depois de uma breve temporada de um ano de novo na Invicta, onde já nada era igual, voltei também ao sul.
Lisboa tornou-se o nosso poiso comum, mas as vidas tinham mudado. Empreendedor, o Barão deixou o titulo de Capitão. Montou negócio, assentou arraiais e casou. Via-o exporádicamente em minha casa, quando organizava os jantares de caça para um restrito grupo de amigos. Depois das jantas saiamos para as farras, o Barão regressava ao lar desconsolado....
Duraram alguns anos esses regressos, até que um dia, ou noite, vi-o de novo com o titulo de Capitão. O negócio prosperava, o casamento terminava. Tempos difíceis e chato passou mas lá se aguentou, nobre e altivo como é não perdeu a pose nem o jeito.
Lisboa tinha de novo o Capitão!! todos trememos, todos nos ressentimos, as nossas médias vieram parar cá para baixo. Não havia modo de segurar o Capitão. Mas manteve-nos sempre perto, sempre juntos sempre unidos. Na sua nova casa, ali posta no alto da calçada da Estrela construiu uma alegre tertúlia de bons amigos, pensávamos.... Bons tempos passamos nessa altura, tudo era "azul"....
Até que lentamente começou a desmoronar o castelo. O Barão rumou de novo para o Porto, o seu coração assim o chamava. Instalou-se de novo na Foz, montou escritório, e começou a fazer crescer o seu negócio de Lisboa. Durou ainda alguns anos e a sua vida foi, tranquila, mais calma mas vivida, como sempre.
O Fado que andava lado a lado com ele já há muitos anos reapareceu em força e tornou-se a sua alma. Com ele tudo o que Portugal e o Norte têm de bom; Guitarradas, tertúlias até de madrugada, Achegas de bois, almoçaradas de lampreia, onde o Barão se deliciava...a ver os outros comer....passeios ao Gerês, passeios na vespa, romarias, Ponte de Lima, Ponte da Barca, de Capitão fez-se Barão!!
O Norte era de novo dele. E no norte duas coisas eram ele. A Quinta do Passadiço e Vila do Conde.
Mas no sul as coisas não seguiram o rumo do norte e o Barão de novo embalou e abalou para baixo. Agora com um peso nos ombros e uma responsabilidade maior para lutar por ele contra fracos.
Está aí. continua altivo, forte e orgulhoso, humilde honesto e bom amigo. Não se deixa ir abaixo, não vai a baixo. Lentamente vai-se levantado e a prova é o dia de hoje. Que é o seu dia, que espero que o seja por muitos mais e que possa eu estar ao seu lado.
Conheci-o nas andanças nocturnas já vai para alguns anos, talvez no Ad-Lib acompanhado pelo Diogo e o saudoso amigo Xico, aquele Metralha de grande porte e suave no trato.
Passado pouco tempo já convivíamos trocando opiniões sobre esta ou aquela parola que deambulavam pelos nossos poisos a quererem ser gente....
Reencontramos-nos no Porto, onde o Barão recebeu o posto de Capitão. Aí vendia cosméticos e afins, depois de ter deixado em Lisboa uma carreira brilhante no automobilismo nacional. ( Vendia carros). Os negócios fazia-os à noite junto ao bar a olhar para a pista de dança. Dançar francamente vi-o pouco, só quando uma presa se atravessava nas garras.
No reencontro no Porto, já feito Capitão das artes do flirt , o Barão aí já dançava, vivia na foz, no Passeio Alegre e o seu modesto apartamento transbordava vida, esplanada na rua, musica na sala, bebida na mão via as catraias passar. Á noite lá recolhia ao seu refugio mesmo ali ao lado, o Twins, ainda com a traça original, onde o disco Jockey ( agora DJ) imediatamente ponha a musica dos Roxette como que anunciando a entrada do Capitão.
Mostrou-me em três semanas todo o Porto que não conheci em 3 anos de estudos, levou-me aos restaurantes da moda, ás tasquinhas dos bairros às casas dos amigos,que se tornaram meus amigos também. Fez-me gostar da Invicta, de tal forma como a odiava no passado. Tornou-me também um Homem do Nuorte! Uma honra!!.
Deixei-o nessas terras e rumei para os ilhéus, ele rumou de novo a sul. Deixamo-nos de nos ver uns tempos, até que quando voltei das ilhas e depois de uma breve temporada de um ano de novo na Invicta, onde já nada era igual, voltei também ao sul.
Lisboa tornou-se o nosso poiso comum, mas as vidas tinham mudado. Empreendedor, o Barão deixou o titulo de Capitão. Montou negócio, assentou arraiais e casou. Via-o exporádicamente em minha casa, quando organizava os jantares de caça para um restrito grupo de amigos. Depois das jantas saiamos para as farras, o Barão regressava ao lar desconsolado....
Duraram alguns anos esses regressos, até que um dia, ou noite, vi-o de novo com o titulo de Capitão. O negócio prosperava, o casamento terminava. Tempos difíceis e chato passou mas lá se aguentou, nobre e altivo como é não perdeu a pose nem o jeito.
Lisboa tinha de novo o Capitão!! todos trememos, todos nos ressentimos, as nossas médias vieram parar cá para baixo. Não havia modo de segurar o Capitão. Mas manteve-nos sempre perto, sempre juntos sempre unidos. Na sua nova casa, ali posta no alto da calçada da Estrela construiu uma alegre tertúlia de bons amigos, pensávamos.... Bons tempos passamos nessa altura, tudo era "azul"....
Até que lentamente começou a desmoronar o castelo. O Barão rumou de novo para o Porto, o seu coração assim o chamava. Instalou-se de novo na Foz, montou escritório, e começou a fazer crescer o seu negócio de Lisboa. Durou ainda alguns anos e a sua vida foi, tranquila, mais calma mas vivida, como sempre.
O Fado que andava lado a lado com ele já há muitos anos reapareceu em força e tornou-se a sua alma. Com ele tudo o que Portugal e o Norte têm de bom; Guitarradas, tertúlias até de madrugada, Achegas de bois, almoçaradas de lampreia, onde o Barão se deliciava...a ver os outros comer....passeios ao Gerês, passeios na vespa, romarias, Ponte de Lima, Ponte da Barca, de Capitão fez-se Barão!!
O Norte era de novo dele. E no norte duas coisas eram ele. A Quinta do Passadiço e Vila do Conde.
Mas no sul as coisas não seguiram o rumo do norte e o Barão de novo embalou e abalou para baixo. Agora com um peso nos ombros e uma responsabilidade maior para lutar por ele contra fracos.
Está aí. continua altivo, forte e orgulhoso, humilde honesto e bom amigo. Não se deixa ir abaixo, não vai a baixo. Lentamente vai-se levantado e a prova é o dia de hoje. Que é o seu dia, que espero que o seja por muitos mais e que possa eu estar ao seu lado.
segunda-feira, agosto 13, 2012
Ferros em Ferrel
Aquela noite estava aprazível, como que se a despedir de um dia de praia magnifico, onde as ondas daquela capital das mesmas mesmo ali ao lado não marcaram presença naquele dia. A praia esteve cheia e tudo apontava para uma grande enchente.
Confirmou-se, pela primeira vez, e creio que pelo resultado não será a última.
Ferrel com a sua provisória Monumental estacionada entre os quatro holofotes do campo da bola ainda pelada de relva, cumpriu e iniciou talvez uma nova tradição.
Agora naquelas bandas aquele lugar, aquele vilarejo já se pode orgulhar de novo. Não precisa de viver á sombra do surf, das ondas, do peixe e de outras iguarias menos licitas.
.
Já é capital do toiro no Oeste!! Ferrel na noite de 10 de agosto cresceu e mostrou ao mundo a sua vocação, a sua afficion, a sua tradição. Sim! Porque ali, terra de gentes do mar, gentes das terras , gentes do campo e das hortas, que se sentem como súbditos do reino das ondas onde a rainha ilha do Baleal, com o rei dos supertubos de Peniche, sempre os enviam para segundo plano, mostrou que tem nobreza também.
A Monumental encheu, os toiros cumpriram, o cartel, embora modificado à ultima hora, mostrou-se capaz frente a publico tão exigente. Os forcados, foram os senhores, a surfar na cara dos bravos toiros mostraram a valentia e bravura igual ou maior do que aqueles outros que todos os dia dão a cara ás ondas.
Os cavaleiros, em vez de dois Bastinhas só um já que o progenitor, devido a uma colhida infeliz numa outra arena gloriosa não pode mostrar a sua arte em tão grande estreia. Substituido e bem por um mancebo da corte Ribeiro Telles, mostrou que o que corre nas suas veias, não está deixado ao acaso.
O júnior Bastinhas cumpriu, brilhou, e quase saiu vitorioso, não fosse a grande lide projectada pelo Mendes bem aconchegado na magnifica montada russa, de seu nome e estilo Único, que foi na verdade a grande estrela da Noite.
Dos forcados, a segunda péga saiu vencedora, mas os dois grupos de Alenquer e do Aposento da Chamusca, se não me falha a memória, a mostraram bem o seu valor frente aos Pinto Barreiros, que de ave, só têm o nome e se mostraram em toda a sua bravura.
Naquela noite histórica de 10 de Agosto de 2012 Ferrel cumpriu, e encheu o peito com tanta grandeza e afficion taurina. As ondas que dali saíram não vão ser dominadas por valentes cavaleiros de cabelo loiro do wax, corpo escuro do sol, e mente vaga da erva. Mas vão navegar na memória de muitos.
Ali cumpriu-se tradição ali fez-se história, coragem e honra.
Viva Ferrel e à sua pequena grande Monumental!!
Confirmou-se, pela primeira vez, e creio que pelo resultado não será a última.
Ferrel com a sua provisória Monumental estacionada entre os quatro holofotes do campo da bola ainda pelada de relva, cumpriu e iniciou talvez uma nova tradição.
Agora naquelas bandas aquele lugar, aquele vilarejo já se pode orgulhar de novo. Não precisa de viver á sombra do surf, das ondas, do peixe e de outras iguarias menos licitas.
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Já é capital do toiro no Oeste!! Ferrel na noite de 10 de agosto cresceu e mostrou ao mundo a sua vocação, a sua afficion, a sua tradição. Sim! Porque ali, terra de gentes do mar, gentes das terras , gentes do campo e das hortas, que se sentem como súbditos do reino das ondas onde a rainha ilha do Baleal, com o rei dos supertubos de Peniche, sempre os enviam para segundo plano, mostrou que tem nobreza também.
A Monumental encheu, os toiros cumpriram, o cartel, embora modificado à ultima hora, mostrou-se capaz frente a publico tão exigente. Os forcados, foram os senhores, a surfar na cara dos bravos toiros mostraram a valentia e bravura igual ou maior do que aqueles outros que todos os dia dão a cara ás ondas.
Os cavaleiros, em vez de dois Bastinhas só um já que o progenitor, devido a uma colhida infeliz numa outra arena gloriosa não pode mostrar a sua arte em tão grande estreia. Substituido e bem por um mancebo da corte Ribeiro Telles, mostrou que o que corre nas suas veias, não está deixado ao acaso.
O júnior Bastinhas cumpriu, brilhou, e quase saiu vitorioso, não fosse a grande lide projectada pelo Mendes bem aconchegado na magnifica montada russa, de seu nome e estilo Único, que foi na verdade a grande estrela da Noite.
Dos forcados, a segunda péga saiu vencedora, mas os dois grupos de Alenquer e do Aposento da Chamusca, se não me falha a memória, a mostraram bem o seu valor frente aos Pinto Barreiros, que de ave, só têm o nome e se mostraram em toda a sua bravura.
Naquela noite histórica de 10 de Agosto de 2012 Ferrel cumpriu, e encheu o peito com tanta grandeza e afficion taurina. As ondas que dali saíram não vão ser dominadas por valentes cavaleiros de cabelo loiro do wax, corpo escuro do sol, e mente vaga da erva. Mas vão navegar na memória de muitos.
Ali cumpriu-se tradição ali fez-se história, coragem e honra.
Viva Ferrel e à sua pequena grande Monumental!!
sexta-feira, agosto 03, 2012
No Campo... Real Fidalgia
Já lá vai um mês ou quasi que os dois encaixotaram os pertences no furgão do sr. Cotrim. Nesse dia a azafama foi grande e comprida a começar logo pela manhã a acabar quase ao por do sol.
Na rua defronte ao palacete a multidão de curiosos, uns cinco ou três pararam para ver o sobe e desce , entra e sai dos carregadores. Durou talvez umas três horas o desfazer de de duas vidas de um par de anos.
Tudo acondicinonado, lá partiu a charrete para terras do Oeste. para o novo lar, a nova vida, as novas vivencias, as novas paisagens. Abadonaram Lisboa, não por obrigação mas também, não por gosto mas também. E com a casa às costas partiram, não para longe mas também.
O novo palacete, mais arejado onde o sol bate todas as manhãs à janela do quarto, espreita na cozinha e na grande sala de jantar a convidar para o pequeno almoço, ainda a embalar as almas adormecidas de uma noite bem dormida, está virado a sul, da janela da sala vê-se toda a propriedade, toda verde neste altura do ano, com vinhedos a correr encosta acima, árvores antigas a acolchoarem o vale onde corre a medo um ribeiro agora seco. Casario espalhado á esquerda e á direita, bem disfarçados entre os eucaliptos acompanham o vale, e no cimo de cada monte um moinho navega parado com as velas ao vento.
A montanha majestosa estende-se até ao vale, bate na encosta da casa e lá em cima no pico vê-se a Ermida da Sra. do Socorro onde em tempos alguns aventureiros atiravam-se de para pente e asa delta.
Logo pela manhã com o cantarolar da cotovia, o discurso do melro e o chamamento de um ou outro pardalito, tomam o pequeno almoço, uns dias no jardim sentados no banco de Cascais, onde de certo nobreza e fidalguia assentaram o rabiosque farto. Quando o tempo está mais encorpado com a nuvens que vêm a correr do Carvoeiro, sentam-se lá dentro na cozinha frente a frente a partilhar as torradas do pão saloio acabado de sair do forno de lenha.
Durante o dia, quando estão em casa, aproveitam para passear nas redondezas, ou refrescarem-se num dos três lagos, construidos para o efeito. A porta de casa raramente se fecha, e á volta os aldeões cumprimentam-se. O sol aquece todo aquele vale, que se refresca com uma brisa uns dias mais forte outros dias menos animada. Mas nos dias que o vento adormece, o bafo de calor só pode ser aturado nos lagos.
Quando o sol percorre todo o caminho e prepara-se para se recolher, todo o vale e a fachada se iluminam de cor de tijolo e no terraço fronteiro da sala tomam o seu Gin Tonico a saborear aquele momento. Ao longe vêm-se e ouvem-se as perdizes a depenicar o campo verde de relva, uma curuja das torres poisa no pinheiro bravo, enquanto os coelhos se entretêm com os rebentos frescos da relva acabada de regar.
Chega a noite e o casario ao longo do vale e das encostas ilumina-se, o moinho continua o seu caminho e os dois, recolhem-se para o jantar.
A lareira ainda não foi acesa, o tempo ainda não justifica, mas mais uns meses, na sala vai-se ouvir o repenicar das chamas nos tarolos secos. Um cheirnho a campo invade a casa cai a humidade e o aconchego dos sofás convida a um romanso depois do jantar, e antes da subida para os quartos.
Vive-se bem, sem pressa nem preocupação, não há buzinas, nem carros, á noite não se ouve o lixo, nem de manhã o autocarro. E quando se quer vir á cidade, ela está ali ao lado.
Que mais se quer?
Na rua defronte ao palacete a multidão de curiosos, uns cinco ou três pararam para ver o sobe e desce , entra e sai dos carregadores. Durou talvez umas três horas o desfazer de de duas vidas de um par de anos.
Tudo acondicinonado, lá partiu a charrete para terras do Oeste. para o novo lar, a nova vida, as novas vivencias, as novas paisagens. Abadonaram Lisboa, não por obrigação mas também, não por gosto mas também. E com a casa às costas partiram, não para longe mas também.
O novo palacete, mais arejado onde o sol bate todas as manhãs à janela do quarto, espreita na cozinha e na grande sala de jantar a convidar para o pequeno almoço, ainda a embalar as almas adormecidas de uma noite bem dormida, está virado a sul, da janela da sala vê-se toda a propriedade, toda verde neste altura do ano, com vinhedos a correr encosta acima, árvores antigas a acolchoarem o vale onde corre a medo um ribeiro agora seco. Casario espalhado á esquerda e á direita, bem disfarçados entre os eucaliptos acompanham o vale, e no cimo de cada monte um moinho navega parado com as velas ao vento.
A montanha majestosa estende-se até ao vale, bate na encosta da casa e lá em cima no pico vê-se a Ermida da Sra. do Socorro onde em tempos alguns aventureiros atiravam-se de para pente e asa delta.
Logo pela manhã com o cantarolar da cotovia, o discurso do melro e o chamamento de um ou outro pardalito, tomam o pequeno almoço, uns dias no jardim sentados no banco de Cascais, onde de certo nobreza e fidalguia assentaram o rabiosque farto. Quando o tempo está mais encorpado com a nuvens que vêm a correr do Carvoeiro, sentam-se lá dentro na cozinha frente a frente a partilhar as torradas do pão saloio acabado de sair do forno de lenha.
Durante o dia, quando estão em casa, aproveitam para passear nas redondezas, ou refrescarem-se num dos três lagos, construidos para o efeito. A porta de casa raramente se fecha, e á volta os aldeões cumprimentam-se. O sol aquece todo aquele vale, que se refresca com uma brisa uns dias mais forte outros dias menos animada. Mas nos dias que o vento adormece, o bafo de calor só pode ser aturado nos lagos.
Quando o sol percorre todo o caminho e prepara-se para se recolher, todo o vale e a fachada se iluminam de cor de tijolo e no terraço fronteiro da sala tomam o seu Gin Tonico a saborear aquele momento. Ao longe vêm-se e ouvem-se as perdizes a depenicar o campo verde de relva, uma curuja das torres poisa no pinheiro bravo, enquanto os coelhos se entretêm com os rebentos frescos da relva acabada de regar.
Chega a noite e o casario ao longo do vale e das encostas ilumina-se, o moinho continua o seu caminho e os dois, recolhem-se para o jantar.
A lareira ainda não foi acesa, o tempo ainda não justifica, mas mais uns meses, na sala vai-se ouvir o repenicar das chamas nos tarolos secos. Um cheirnho a campo invade a casa cai a humidade e o aconchego dos sofás convida a um romanso depois do jantar, e antes da subida para os quartos.
Vive-se bem, sem pressa nem preocupação, não há buzinas, nem carros, á noite não se ouve o lixo, nem de manhã o autocarro. E quando se quer vir á cidade, ela está ali ao lado.
Que mais se quer?
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