segunda-feira, agosto 20, 2012

Sardinha na Mão...Pois então!!

Estava calor naquele Domingo, quando se levantaram para preparar o Banquete. Eram as festas na aldeia e por isso tinham dispensado a criadagem, não valia a pena e o banquete era fácil, assim como assim ainda lhes saberia melhor serem eles a preparar tudo.
Depois do pequeno almoço, tomado na soleira da casa de jantar, ali com vista para o monte, acompanhados pelas cigarras que começavam a anunciar o calor que chegaria, seguiu ele para a horta colher os legumes. Alface, tomate e manjericão para a salada, pepino para o gin e também para a salada, pimentos para acompanhamentos com a batata nova já arrumada no celeiro.
Ela ficou-se pela cozinha, lavando, cortando, picando, e arranjando o cesto trazido da horta. Ele correu á lenha, apanhou algumas pinhas e trouxe uns bons tarolos para fazer o carvão, na casa do pão ao lado do forno, ainda quente da fornada da véspera apanhou mais umas achas e acendeu o grelhador. Enquanto lá dentro na cozinha da casa o calor começava a apertar, as persianas da janela estavam corridas como que filtrando o ar e deixando o quente de fora, mas nem uma aragem corria. Por bem resolveram fazer o banquete ao ar livre, na varanda arejada a sul com a vista para a serra e as vinhas. sem cerimonias puseram uma velha vela do barco que tinham para dar algum conforto e sombra.
Depois foi a vez das sardinhas da D. Emília, vindas de Peniche trazidas na gamela, ainda como que a saltar. Sal para cima delas e cobertas com água do mar para mantê-las frescas até à hora de assar.
Os convivas começaram a chegar, esbaforidos com o calor, era uma da tarde. Uns de Cascais, outros de Lisboa, e outros do vizinho casal de Sta. Teresa.
Como que a recebê-los umas garrafas de vinho verde branco para apaziguar o calor foram servidas e bebidas na varanda à sombra da vela para acalmar a fome os percebes trazidos foram devorados alegremente.
As brasas pareciam estar prontas e chamavam pelas sardinhas, que prontamente foram postas na grelha. Talvez por fraca noção as brasas atearam de novo fogo, alimentadas pela maravilhosa gordura que caía do peixe. Não estorricaram e a primeira leva deu o mote ás seguintes. Muito fumo mas a grelharem bem e no ponto. Os pimentos, colocados nas brasas deram um aroma à volta do grelhador que fazia crescer água na boca. descascados , e cortados foram postos na mesa temperados com o azeite do último ano. Um pitéu.
Sardinha a sardinha, lá se foram abrindo uma atrás da outra as garrafas do vinho branco que estava no frio desde a véspera. E assim se passou aquela tarde de Domingo na varanda.
A criançada entretanto aproveitou o calor e rumou ao lago para se refrescar, onde por lá se entreteram um bom par de horas.
Seguiu-se o café, e como o calor apertava, os digestivos foram deixados. Como refugiu passaram todos para o jardim, onde o fresco estava mais apetecível.
Ali, debaixo do alpendre á sombra, sentados no banco de Cascais, a amena cavaqueira prolongou-se pelo resto do dia. Alguns aproveitaram e foram fazer um passeio higiénico pela quinta, aproveitando para ver o andar das vinhas, fazerem conjunturas sobre as vindimas que se avizinham, o calor nesta altura pode trazer qualidade, as chuvas podem ajudar a crescer a quantidade, os prógnosticos parecem bons. Mas só daqui a um mês ou dois é que se vai saber. A caça passa a passo de caracol, escondida entre as sombras das estevas e dos arbustos, no ar uma águia vigia algum coelho mais distraído e as galinholas nos canaviais junto à lagoa refrescam-se tranquilamente.
De volta a casa, a conversa anima-se entre um copo de rum e hortelã, servido como refresco. Um chá gelado e água com limão apazigua a sede. E a tarde avança para o principio da noite. É a hora de recolher, voltar à estrada e acender os candeeiros.
Os convivas partem, contentes com o dia bem passado, os anfitriões felizes com a recepção e ao mesmo tempo cansados com o dia.
Num resumo curto, foi bom. Muito bom e a pedir uma repetição.

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