A combinação parecia estar bem feita e rea facil. Buscar um barco a Vilamoura, trazê-lo para Lisboa, por mar já se vê e à vela claro está.
Simples, facil e bastante apetecivel. Lá se arranjou tripulação, marcou-se passagem de comboio para baixo e arrancou-se para a marina. O dono do barco tinha-o comprado há 3 dias atrás, desejoso de se aventurar pelo mar adentro. Ainda pouco experiente nas coisas maritimas, mas com vontade de aprender e ganhar milhas. Na vespera um contratempo no motor fora resolvido e tudo indicava que a viagem seria um passeio no parque. O tempo estava bom, o vendo embora contrario não punha obstáculos, o barco parecia em estado de navegar.
Depois de instrucções dadas para o abastecimento de combustivel e viveres, lá chegamos à amarração. sem confirmar os viveres, acreditando na electronica e fazendo uma rápida vistoria aos cabos e meios de salvação, largamos amarras rumo ao norte. eram já sete da tarde e a viagem à noite seria uma certeza. Passariamos S. Vicente pelas 4 da madrugada, com bom vento. Depois seria subir a norte acompanhados pelo nascer do Sol com um belo dia quente que nos levaria até Lisboa ao fim da noite. Nada previa o contrário.
Mas no mar, o mar manda o vento comanda e é preciso sempre fazer adaptações. Ao largo de Lagos, já com o rumo a S. Vicente, umas 4 milhas fora da costa a ventania entre os 27 e 31 nós apareceu, o mar encrespou, nada de violento mas cavado e muito mexido. A tripulação, cansada da viagem ressentiu-se e por bem e bem resolveu aportar em Lagos para passar a noite, eram onze da noite, daria para comermos qualquer coisa e zarpar logo pela alvorada.
Chegamos a terra aportamos no pontão de espera da Marina, já que aquela hora não se justificava e era impossivel pedir um cais de amarração.
Bem amarrados passamos a ponte para um jantar bastante agradavel de bifes grelhados...fritos na grelha...especialidade da casa talvez, mas de agradável sabor e teixtura. Recolhemos eram uma da manhã e dormimos até ás 6. Hora que zarpamos.
O motor comportava-se bem, os instrumentos marcavam a rota e a velocidade de 6 nós fazia prever uma viagem já mais longa do que o esperado. Mas tudo seguia bem.
A comida, não verificada e confiada mostrou-se parca, um pacote de pão rico e umas fatias de fiambre, mortadela e pouco mais. Àgua havia suficiente, e em grande quantidade, coca-colas. Mas como as previsões estavam agradáveis, pareceu não ser relevante a falta de substancia alimentar.
O vento que acalmou durante a noite, voltou a aparecer mas sem a intensidade da vespera, estava a bater os 12 15 nós, ideal para aquele barco navegar.
Foram rápidas as 3 horas e meia até ao Cabo, e quando já estavamos entre a ponta de Sagres e S. Vicente, com o motor a 3.000 rotações para desviarmo-nos de um arrastão, o primeiro sinal apareceu.
Sem razão aparente, já que não ia em seforço, o motor sobre-aqueceu, e todos os alarmes de temperatura, pressão do óleo e baterias apitaram. Imediatamente um cheiro a quente e queimado apareceu no poço, automaticamente, desligamos o motor, abrimos a coberta e esperamos para ver se alguma coisa estava a arder. Nada. tudo normal fora a temperatura e o cheiro a quente do motor. Por bem não o ligámos de novo e deixamos arrefecer umas horas enquanto seguiamos rumo a norte.
Nesta altura ainda pensei em voltar atrás e parar em Sagres, logo ali escondida pela ponta. Decidimos avançar, havia vento, o motor mesmo que fosse necessário seria pouco tempo, em vez de rumarmos a Lisboa, apontamos a Sines, subbindo junto à costa com bordos curtos. Assim se passou o dia até chegarmos ao largo da Arrifana, onde repentinamente todos os aparelhos de navegação se calaram e desligaram, tinhamos acabao de ficar sem bateria. Não uma mas as duas!!
Ao verificar os istrumentos demos pelo frigorifico ligado, tinha estado ligado toda a noite, e todo o dia, ajudando, a descarregar mais depressa as baterias, embora esse não tivesse sido a principal causa.
Confiante na passagem de testemunho o dono do barco acreditou no antigo dono que as baterias estavam em condições, condição que se provou não ser a verdade.
Assim, ao largo, talvez umas 6 milhas da costa, junto a Arrifana e Monte Clérigo, só com as baterias dos telemoveis carregadas ainda continuamos a navegar para norte, a fazer os 5 nós quando o vento deixava, mas a fazermos uma média de 3 nós.
A viagem começava a mostrar-se ainda mais longa. Sines era agora o nosso porto obrigatório.
Especulou-se em fazer meia volta e regressar a Sagres ou Lagos, concertar o motor e de novo arrancar, mas a distancia entre os dois portos e a noticia de ventos mais fortes a sul , manteve-nos na decisão de rumar a norte a Sines.
Um bordo para fora seriu para apanharmos mais vento e apreciarmos a pesca de uma baleia piloto junto com alguns gansos patolas, um bom fim de tarde, que agoirava uma bela noite.
Sem piloto automatico, sem instrumentos, segurei-me ao leme o maior tempo possivel, revessando-me varias vezes com o dono que , além de mim era o único que percebia pouco de vela. Subimos a costa sempre com o Cabo Sardão à vista a noite toda. De madrugada, já umas 10 milhas passadas do Sardão, o vento caiu com o nascer do Sol. Ali ficamos 6 horas à espera de uma brisa, que nos levasse junto das chaminés de Sines, já à vista.
Não avistamos brisa nem sentimos um vento amigo a levarnos a bom porto. Estando ao largo de Vila Nova Milfontes, com os telemoveis ainda com alguma bateria, sem rádio para comunicarmos, começamos a fazer telefonemas para o seguro, para os amigos para a capitania, para Deus e para o Diabo a fim de nos socorrerem. Não estavando em perigo de vida as autoridades não podem socorrer.....Belo País este!!!
Ao fim de quatro horas à deriva, sem vento, depois de largarmos um very light, de sinalizarmos barcos que passavam ao largo, barcos que pescavam mais perto da costa e que viram os sinais de pedido de ajuda nenhum, se mexeu nenhum virou a proa na nossa direcção, nenhum fez nada, e a corrente calmamente nos levava para sul onde tinhamos passado há 8 horas atrás.
Por fim, depois de esgotarmos as baterias dos telemoveis, lá recebemos noticias.
Da capitania, como não havia vidas em perigo...nada. de Sines, a fantástica companhia de seguros depois de se fazerem pelo menos 45 chamadas telefónicas informa-nos que participam no reboque com 125€....fantástico...tendo em conta que um orçamento que nos cehgou via telemovel pedia 6.000€. O vento esse também não aparecia.
Até que, depois de um telefonema para Vila Nova e uma resposta de Vila Novo feita por uma pessoa de caracter, honestidade e integridade lá nos conseguiu pro portas e travessas mover a boa-vontade do Eduardo, que no fundo é isso mesmo, uma pessoa do mar com boa vontade em ajudar.
Apareceu-nos um semi-rigido do ISN conduzido pelo grande Eduardo Minhoca, o Minhoca, conhecido pelas gentes de Vila Nova e arredores. Homem são. Sem maldade com viviencia na barra de Vila Nova, cabelo curto e grisalho seco mas sem ser demasiado mosculado, bem moreno do sol e das ondes com quem toda a vida conviveu. Sorriso e conversa facil e afafél, chegou, acompanhado por um Papa Mike que mal se percebia o que dizia, farda suja e gasta, barba por fazer dentes por caír, e não fosse a distancia, a certeza de ter halito a bebida, já que é passatempo diario em forma de matar o tempo. No fundo igual a muitos outros seus colegas.
Do semi rigido logo nos perguntou Eduardo como estavamos, enquanto respondiamos o Papa Mike agarrado ao rádio transmitia para a capitania o desenrolar das coisas.
Ao leme, Minhoca não deu tempo, exigiu-nos um cabo para fazer o reboque até à barra. Borucracias tratariam-se mais tarde, como homem do mar vivido que é sabe das coisas. Primeiro salva-se e aruma-se , depois conversa-se.
Mas....num gesto de profissional de meia tigela, dentro de uma farda amafarnhada, impondo todo o seu poder burucrático sobre a situação e valendo-se da instiutição que tristemente representa, Papa Mike, balbuciou; "O seguro? já comunicaram ao seguro? são 300€ de reboque, sem o OK do seguro não rebocamos", já estavam a rebocar, o seguro nada tinha comunicado à capitania e zás!!! toca de largar as amarras de novo ao mar...."desemerdem-se" foi o que obtivemos da autoridade maritima!!!
Expectacular desenlace para um fim breve à vista.
Rebocados pela boa vontade do Minhoca do ISN, fomos de novo deixados à deriva pelo zelo profissional da policia maritima!!! e....desemerdem-se....
Desemerdamo-nos claro!! graças aos telefonemoas feitos para terra para certa pessoa de Vila Nova o Minhoca desemerdou-nos e cagou na autoridade. Graças a eles fomos rebocados até porto seguro, barra de Vila Nova Milfontes a dentro onde calmamente fundeamos para reparações.
Logo no seu zelo maxim, os colgas Papa Mike apareceram para fazer uma inspecção aos meios de salvamento do barco. Meios que estão claro, está todos em ordem, mas se a vontade que nos têm em inspeccionar em porto seguro, fosse a mesma que poderiam ter tido em nos rebocar, de certeza que em vez de 9 horas no mar à deriva, tinhamos passado somente 2 ou menhos.
Infelizmente é assim neste País. Felizmente à gente como o Minhoca, como o Lipão e como muitos mais anónimos que vão fazendo o melhor que nós portugueses temos...desenrascando, contrariamente a leis e borucracias criadas por paspalhos de gravata sentados em gabinetes onde ninguém tem tomates para tomar decisões.
A Lição foi aprendida. se for para o mar avio-me em terra, se estiver no mar não contes com nenhuma autoridade oficial. Conta com os teus amigos e amigos dos teus amigos, porque esses são HOMENS.
tudo o mais é ralé.
segunda-feira, agosto 27, 2012
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