segunda-feira, julho 04, 2005

Biruta

Ficou, á volta com aquilo que ela lhe tinha dito ao telefone. Que ela tinha certas pressões e que por isso tinha que pensar bastante antes de tomar alguma decisão.

Entristeceu-se ainda mais, quando soube que esta confusão nasceu de uma conversa que ela tinha tido. E que a batalha que ela estava a ter agora era em relação não ao seu futuro, mas ao futuro deles. Descobriu que ela tinha duvidas em sacrificar uma coisa boa com um futuro desconhecido. Por um futuro conhecido mas incomodo. E ficou com a certeza que daqui a alguns anos ela iria-se arrepender por ter escolhido aquele caminho.
Acreditava que a vida não fosse fácil, com filhos e sem um emprego estável a ser sustentada por uma mãe ausente.
Sabia que se ela cedesse naquele momento iria ceder para toda a vida e deixaria de ter uma vida com vontade própria. E a vida é muito cheia de coisas boas para se deixar de ter aquilo que realmente merecemos e queremos.
Não podia continuar a pensar que a mesma pessoa que lhe apresentou á família, aos filhos que são a coisa que mais queria, estivesse agora com duvidas, sobre aquela relação.
Não podia acreditar que todas as vezes que a tinha ouvido dizer “adoro”, que adormecia agarrado a ela, que recebera as mensagens no telemóvel a dizer que o amava, fosse tudo uma mera confusão.
Não queria acreditar que sempre que ela ficava contente de ver os filhos á sua volta fosse uma mera circunstancia.
Não acreditou que ela fosse capaz de hipotecar a sua felicidade, por uma hipotética melhor vida para os seus filhos, sem ter certezas para isso. Ele era o primeiro a apoia-la se tivessem ambos certeza. Mas ninguém lhes deu essas certezas.
O que sabia é que lhe tinha acontecido o mesmo com a mãe dele e essa sempre tinha seguido o coração e por causa disso sempre tinha sido feliz, apesar de remarem contra tudo e contra todos á um bom par de dezenas de anos antes. Nunca lhe tinha faltado nada, e tudo o que tinha tido fora sempre uma feliz conquista porque ambos eram felizes.
Por causa disso tinha percebido que não haviam duas pessoas iguais, nem que os tempos eram os mesmos, mas tudo se resumia á vontade de cada um, aos sentimentos de cada um e ao princípios incutidos em cada um.
Se o que tinha passado com eles tivesse passado à uns bons dez anos atrás, ainda conseguia perceber. Eram ambos crianças. Mas naquele momento… depois de casamentos falhados e vivências atravessadas, entristecia-o saber que estava confusa.
Porque, se tudo o que passaram fora real e verdadeiro, a sua vontade e os seus sentimentos, não podiam ser tão facilmente alterados. Bastava ela saber acarretar com as responsabilidades que esses sentimentos traziam. Era preciso ela ser forte suficiente para viver com aquilo que acreditava, em vez de acreditar naquilo com que teria de ser obrigada a viver. Custava-o vê-la distanciar-se assim, não por ela mesmo mas devido a terceiros.
Mesmo quando tinha ouvido as criticas que terceiros tinham feito a ele, sobre eles. Mesmo sabendo ela que tais criticas nunca o tinham influenciado nos sentimentos em relação a ela, mesmo sabendo ela que ele estava disposto a carregar com os fardos.
A única coisa que o influenciava a seu respeito era ela própria. Por isso custava-lhe muito crer que tivesse mudado assim daquela maneira a sua opinião.…
Ou então tinha andado a ser gozado…
E se assim o foi, não lhe restava senão dar-lhe os parabéns por tamanha hipocrisia e falsidade.

3 comentários:

Anónimo disse...

dass, podes ter tido o desgosto de amor mas nós ganhámos um letrado, que consegue prender o leitor com a sua escrita. Ainda que a alma te doa continua a escrever que cá estarei para ler e para te apoiar. Vivam os amigos,as casconices, e o resto que se f.....

Anónimo disse...

Reconheço.

Anónimo disse...

Reconheço esta "história" e lamento. A sério.