As voltas que as nossas vidas dão fazem-nos por vezes cruzar com certas personagens que não damos importância, mas que sem querermos acompanham-nos lado a lado como uma sombra sem notarmos.
D. Diogo é uma dessas personagens, desde cedo sem saber tivemos as nossas vidas partilhadas e continuamos a ter. Ou pelo mesmo autocarro que apanhamos, ou pela mesma equipa de rugby, ou pelo trabalho, ou pelos amigos que nos vão aparecendo.
Neste caso foi um bocado de tudo. D. Diogo desde menino partilhava comigo a paixão do rugby e por acaso da vida jogamos no mesmo clube, ele nos mais novos, por o ser assim toda a vida, eu pelos mais velho por o assim ser a vida toda.
Em comum tínhamos o rugby, o clube e o autocarro que partilhávamos sempre que voltávamos dos treinos, sujos cheios de lama.
depois crescemos e cada vida tomou o seu rumo, mas sem sabermos sempre lado a lado sem nos tocarmos. Ele continua ferrenho apaixonado pelo desporto, eu já nem tanto...
Às vezes de vez em quando lá nos cruzávamos numa noite, num balcão do bar, numa festa de anos e de novo seguíamos o nosso caminho.
Já mais tarde dei por ele ao balcão do restaurante Estufa Real. Sem sabermos ficamos a saber que nos tornávamos membros do mesmo clube profissional, da mesma empresa. Foi um reencontro dos encontros passados.
De novo estávamos no mesmo caminho, de novo em caminhos paralelos, cruzávamos nos corredores, nas viagens nas almoçaradas. Discutíamos nas decisões, discutíamos nas preocupações, mas partilhávamos uma amizade.
E a amizade cresceu, embora não nos cruzássemos muito como amigos.
D. Diogo de novo seguiu outro caminho, rumou a Norte, á mesma cidade de onde alguns anos antes eu já tinha subido e retornado. D. Diogo subiu, e sumiu.
Fui sabendo dele por intermédias pessoas, amigos comuns, e pouco mais.
Depois voltou de novo e de novo nos cruzamos. Chamou-me para um almoço no Piazza di Mare.
Chamei-o para o meu casamento, junto com todos os nossos amigos comuns. Era um amigo e os amigos não se esquecem.
D. Diogo, também não se esqueceu, e como um anjo da guarda, sem perceber. Estendeu-me a mão quando precisei. Ao contrário de pessoas que julgava bons amigos. D. Diogo mostrou o verdadeiro valor de amizade. A responsabilidade foi grande, um Amigo destes não pode ser nunca desacreditado. Aceitei o desafio, e espero não o ter defraudado.
D. Diogo prosseguiu de novo por um novo caminho, mas nestes últimos dois anos, sem perceber mostrou-me que ainda existem pessoas de bem em Portugal.
D. Diogo é um deles. Sem o perceber, apoiou-me em horas difíceis, estendeu-me o braço, chamou-me à razão, mostrou-me o valor dos princípios que os nossos Pais e Avós nos passaram.
Sem perceber deu-me força para seguir em frente, para acreditar.
D. Diogo seguiu de novo, mas desta vez sei bem onde vai.
Montou num cavalo Lazão, calçou botas de camurça ruça e nelas enfiou um esporão!
quinta-feira, janeiro 06, 2011
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