quarta-feira, dezembro 04, 2024

que luxo de forno.

A última vez que soube de alguma notícia de Almodôvar, era de que o presidente da câmara tinha morrido.... Mas isso foi há muitos anos, e acho que foi o Tio Manel que, atabalhoado leu para a Laurinda...
Mas o que me traz hoje aqui é o forno. Monumento secular de pedra xisto. Com alguns pedaços de granito e muita alvenaria. Caiado por fora já se vê, torricado por dentro como  deve ser. 
Aquele forno  ali no meio da esteva, no sopé de um pequeno monte com a ribeira ao lado a correr, não é de ninguém mas é usado por toda a gente. Usado e cuidado já se vê. 
Dali saiem pães alentejanos, daqueles que guardamos por um mês. 
Também já vi cabritos, borregos, porcos e javalis. 
Se o forno falasse seria uma enciclopédia gastronómica! Mas como é um cavalheiro, apesar da boca grande e do apetite veroz do azinho e algum sobreiro afoito, não conta nada do que come cru e devolve assado.
Eu tenho para mim as melhores recordações daquele forno lá no cimo do pequeno monte no meio do montado de azinho e esteva. 
Foi ali que muitas vezes paramos nas linhas de caça. Perdizes de um lado, coelhos e codornizes. 
Também terminámos com um arroz de javardo, leitoso ainda, num dia frio cinzento com ventania. 
Um aconchego aquele forno, pegando nas brasas quentes entre duas ou três pedras fazíamos um braseiro para aquecer as estafadas pernas.
Um medronho no café. Um tinto no copo e uma pratada de arroz com eles, faziam maravilhas. 
Mas o forno cansou se, e um dia sem razão desmoronou, estava velho coitado, e por melhor cuidado não aguentou o peso da idade. 
E nós desamparados nunca mais lá voltamos. Sempre me disseram nunca voltes onde já foste feliz 
E assim eu fiz. 

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