sexta-feira, janeiro 08, 2016

Picuca

Querido primo,
Obrigado pelos tobogans em Brito, pelas regatas em Vilamoura, pelas poucas vezes juntos mas sempre espectaculares.
Obrigado pelas comesainas, pela boa disposição pelo sorriso e pelas graças.
Querido primo
Assim de repente foi o primeiro da nossa geração a dar-se a luxo de ir ter com o seu Pai, e partir para outras aventuras. Talvez não tenha sido assim tão de repente, porque já andavam sinais no ar.
A ultima vez que estivemos juntos ,e para não variar, era já noite, estivemos no meio onde sempre gostou e vibrou e viveu,. Junto do mar  a ver os barcalhões da Volvo Ocean Race, a viver o mais possivel todo aquele ambiente, cheio de amigos à volta e sempre em boa disposição.
Ofereci-lhe um whisky, que o bebeu pausadamente depois de muita insistência minha. Não me queria ofender, apetecia-lhe e sabia que ia saber bem.
Tiramos uma fotografia juntos, sabia lá eu que seria a ultima. também acho que é das poucas, senão a única que estamos juntos.
De si, muita coisa salteada me vem à memória. Não sei se foi bom aluno, nem onde estudou nem o que é que fez ou que não fez. Lembro-me dos tobogans na Pedrafurada. De um almoço divinal com um javali no forno. Daquele tempo que lhe pedi dormida por dois dias e fiquei duas semanas. Do aconchego de casa cheia de primos quando fomos um fim de semana ver corridas a Portimão.
E aquelas noites em Puerto Santa Maria, regatas sem vento noites de muita ventania... 
Está no meu coração  e ainda não fui fazer a sua regata de todos os anos. 

Castanha todo um Mundo Novo

Dizem que falar antes de tempo pode não trazer bons tempos.
mas com o tempo que está lá fora, não preciso de preocurar. Amanhã é um dia especial lá para os lados o Oeste, para aquela casa e para aquelas gentes. Assim sem sobreaviso, chega uma nova conviva para fazer companhia aos habituais que por lá moram.
Já vem com três meses e pronta para dar sorrisos à vida que vai ter. De certo que será bem acolhida naquele lar, onde já uma vive e agora esta nova lhe irá fazer companhia nas horas mortas.
Traz com ela a responsabilidade de uma linhagem, a responsabilidade de pertencer a uma das mais antigas famílias de Portugal, por isso traz com ela aquilo que muitos homens por mais que tentem nunca irão ter. Está já tem, mal nasceu todo esse pedigree.
Donde vem, habituada aos ar livres e correrias pelos campos, a passeatas nas matas e sombras de árvores milenares, obriga-se a ser batizada também com uma referencia aquela casa para que não nos esqueçamos nunca as suas origens e quem, tão em boa hora se lembrou de nós. Mas vai ficar bem com certeza, tão bem como a que já cá está a iluminar a casa. Vai fazer as mesmas passeatas, correr entre vinhas e vinhedos, levantar perdizes, entrar no mar  e percorrer gaivotas.
Castanha. será, companheira, corredora, caçadora, amiga, filha aventureira. Vem trazer mais calor , mais, ainda mais alegria e principalmente muito carinho ali para o Oeste.