Caro Afilhado Tété,
Amando-te aqui uma pequena carta para te contar sem delongas um fim de semana que tive, numa cidade que vivi e que também posso dizer, é minha.
A coisa tinha sido combinada por meio destas tecnologias informáticas que por aí andam que tu de certo bem conheces melhor que eu. Ora umas trocas de piropos, a montagem de um grupo para o evento, umas quantas bocas apalhaçadas entre todos e não é que até houve consenso na data???
O começo parecia auspicioso, já que os dois magníficos organizadores, ligados de tenra idade ao ramo de bem receber, e com a vantagem de serem de uma terra onde o receber bem está nos genes, lá montaram a peça.
Sexta feira seria o inicio com uma grande almoçarada, não fosse um feliz contratempo que tive e que se tudo correr bem te darei noticias no futuro, que me impediu de rumar ao norte a tempo de me sentar sobre a mesa e começar as hostilidade frugalo-gastronomicas, claro está regadas a preceito.
Cheguei à Inbicta já a noite caía naquela terra cinzenta de granito, e cimento, que muitos consideram escura e feia, a esses, considero-os cegos...
É escura, é cinzenta, tem granito, essa nobre pedra basilar da história de Portugal, que nos acompanhou pelo mundo fora também sob a forma de Padrões. Mas é linda nessa escuridão acinzentada. Tem alma, tem história tem segredos e muita energia, tem orgulho e é altiva, e tem gente com carácter e nobreza típicas daquela zona do País.
Pois, portantos querido afilhado Tété. Cheguei e estacionei as malas no quarto do hotel, a correr dei de caras com um dos meus grandes amigos ( em todos os aspectos... Grande de Tamanho, Grande de Coração, Grande de careca.... e ás vezes um grande chato do Caralio.. (hehe) )
Seguimos urgente para uma tasca conhecida, caminhando pelas ruas e pondo os anos em dia, de duas vivências afastadas pór milles de kilométros...
No primeiro embate gastronómico-frugal, dois pregos do lombo em cama de queijo da serra com fino perfeito.
E as conversas seguiam, como se a ausência de estarmos juntos à 6 anos atrás tivesse sido só uma ida á casa de banho.... talvez cagar.... .
Na verdade não parecia que o tempo tivesse passado entre nós os dois. as graças, as histórias e os palavrões. O futuro, o passado e o presente, tudo estava ali naquela altura.
Depois seguimos para o saudoso D. Castro, onde tínhamos combinado o janta, mas sem reservarmos o lugar. Lá chegamos, tudo igual. tudo na mesma...ou quase... a simpática dupla que há 25 anos atrás nos acolhia já lá não estava e quem lá estava agora não estava para nos acolher, nem por simpatia, nem por vontade.... Ali sim. os 25 anos de ausência mudaram qualquer coisa, infelizmente para pior.
Sem estarmos desesperados, mas um bocado decepcionados, lá buscamos os portas e travessas um novo poiso.
E em terra de bem receber, com gentes assim não foi dificil, ligamos a uns, falamos com outras e tudo se arranja num compromisso bastante bom. Bastou a sugestão de mais um 25anista e carregamos o passo para a taberna do Carregal.
Chegamos os dois primeiro, e depois os restantes 4, Um ele e três elas, Tanto ele como elas não víamos mesmo há vinte anos ou mais!!! E outra vez o fenómeno aconteceu.... parecia que tínhamos ido à casa de banho....
Mostram fotos contam histórias, novidades antigas, crianças aparecidas, trabalhos constantes vivências vividas... nada interessa, a amizade o carinho e a satisfação com que estávamos era a mesma quando andávamos vestidos de cozinheiros, a correr do sr.Sá que nos mostrava como o bacalhau estava salgado ou não... coitado do Papá.... e os eclairs, e o embamata ou ru, e as fardas dos restaurantes, e o Lada com o seu primo 2CV que também faziam parte dos 25 anos ( esses coitados morreram entretanto). ....
A janta passou bem regada bem servida e bem divertida, seguindo para a noite, na Baixa que agora é a zona alta da movida, e um, dois, três...xixi cama cada um consigo mesmo... Nada mudou....
No dia seguinte avizinhava-se grande actividade lúdico-gastro-intelectual pelo almoço, mas aí os 25 anos pesam!! ui aí sim, sente-se a diferença....
Sem desarmar, claro porque a parte fraca não se mostra numa ocasião 25anual, O meu caro amigo que vive sobre a linha Equatoriana em perfeito equilíbrio e amais eu , que muitas vezes perco o equilibro a andar sobre uma linha, lá seguimos taxicamente para a Foz!!
Haa!! A Foz, a praia da Luz, esse recanto encantado de belas vistas de bons ares de maravilhosas aragens e bons petiscos e óptimos cocktails e sempre sempre com um serviço...digamos...fraquinho...
Tal qual com há 25 Anos. Nada mudou!! Nem esta nossa amiga esplanada...tudo muito igual, com alguns melhoramentos mas o núcleo sempre adoravelmente igual.
Venham petiscos e dois Bloody Marys!! Gritamos em conjunto para a empregada coitada que não percebia se queríamos mesmo um charro ou estávamos a gozar ( até agora nem nós percebemos....)
E chegaram as pataniscas os croquetes de alheira e dois magníficos Bloody Marys, com tempero ao lado...mas faltava o gelo.... e veio o gelo e ficaram excelentes, tal como as pataniscas e os croquetes!!
E Venha mais uma rodada igualzinha á anterior, mas com pimentos do patron, presunto com crutons ( ali chamaram-nas tostas...talvez erro de tradução...) e mais dois Blody Marys que estavam excelentes!!.
Não, desculpem mas não caros senhores, Bloody Marys não podemos... não temos mais sumo de tomate.... A grande Praia da Luz no seu melhor!!
Venha vinho pois então!! e os petiscos também vinho verde por favor porque o gajo do Equador não tem deste na sua terra!! E tudo se recompôs.
Chegados ali pelas 12.00 partimos dali pelas 17.00 de volta para o Hotel onde mais 25anistas compareceram para seguirmos para o lauto jantar petiscador preparado pelos Magníficos anfitriões.
E lá estavam mais uns quantos, não sei , mas eram muitos!! E desses muitos , muitos não se viam... desde que tinham ido á casa de banho...
Ahaha, hihi, cricricri um fino umas tostas água e seguimos pé ante pé para a maior grande novidade dos últimos 25 anos. o Metro!! Apanha-se aqui deste lado, paramos no outro lado mesmo perto do mercado. Vamos lá rapaziada!! Lá fomos!! todos juntos parecíamos muitos!!
Mercado do Bom Sucesso, vinhos tapas e petiscos de novo, e de novo novas velhas caras a chegar da casa de banho... aqui confesso, de algumas não me alembrava a memória, mas bastou uma nota para tirar os esquecimentos.
hahah Hihihi e segue-se para o jantar. Maravilha!! Todos a rir , todos a gritar, todos a bater palmas, todos contentes a ver um painel na parede com fotos de época, (aí sim...tinham passado 25 anos, não tinha sido uma ida à casa de banho.!! Estávamos parecidos por dentro, diferentes por fora, mas iguais uns com os outros.!!
A janta a meio teve um momento alto de trombonofonia quase a por toda a gente de pé a dançar, e que maravilha foi ouvi-los a tocar, assim de repente lá demos um salto para os 25 anos atrás, e revivemos mais memórias , estórias e desventuras.
No painel passavam as fotos, de todos todinhos novinhos e sempre bem dispostos. Era a festa de Carnaval, eram os trabalhos extras, eram as festas e folias nocturnas eram os fins de semana de grupos eram os baptismos e estudos ( raros é certo, mas também houve disso.)
E dali seguimos para a Baixa, atulhada, cheia de fumo e boa musica. Estourados mas contentes por estarmos juntos, lá nos fomos deitar de novo, para estarmos quase frescos para o almoço e a volta.
No dia seguinte de novo nos encontramos, com um momento cultural, para fazermos uma viagem pelo nosso passado de à mais de 25 anos!! tal como o nosso passado de 25 anos aquele outro nosso passado foi grandioso, sete partilhas do mundo, conquistas e novas terras. Igualzinho aos nossos 25anistas!!
Depois, foi o ultimo almoço, o Agradecimento aos anfitriões , as fotos da praxe e cada um o rumo a seu mundo. Não sem antes se alinhavar a data de Junho ou Julho para uma nova Magna reunião!!
Em 3 dias, vivemos 25 anos. Onde o mais importante foi a amizade e a união que todos temos uns pelos outros, que não se desvaneceu num quarto de século. Foram 25 anos, mas pareceu uma ida à casa de banho.
Que continue assim, porque para mim, e de certeza para todos são estes emoções e sensações que nos fazem ricos!! Bem hajam a todos!!
E é isso Tété, é isso que tens que querer da vida. Amizades que duram uma vida porque foram construídas sem interesses, só por amizade, e nada mais. É isso que interessa, é esse o único interesse.
Por isso Tété, se no dia que conseguires ter dessas amizades, considera-te uma pessoa rica.
quinta-feira, dezembro 11, 2014
quarta-feira, dezembro 03, 2014
O Nós e o Eles......
Tanta coisa passa por este pequeno País em tão pouco tempo que passa uma catrefada de tempo que não passa nada.
Mas pelo que se passou, passou o País a estar eufórico ( tanto para um lado como para o outro) como se um grande acontecimento anormal tivesse acontecido. A Noticia lá do inquilino de Évora passou a ser importante, mas só depois de levarmos com outra catrefada de peças sobre o impacto internacional da noticia e a cobertura pelos média estrangeiros é que para os Jornalistas é que a noticia passou a ser importante.
À conta delas ( da noticia e da cobertura internacional) os nossos rapazes sentiram-se o centro do mundo!! Agora sim, temos as atenções mundiais!! qual E. I., qual guerras no médio oriente, qual Palestina, qual Turquia ou Israel....
O que tá a dar é Évora!! e a linda porta esverdeada de chapa sempre guardada pelos vetustos barrigudos guarda do belo estabelecimento.
Se nos sentarmos num restaurante com uma televisão acesa, sem som, as imagens que aparecem são deprimentes.... Uma catrefada de jornalistas a filmar um muro branco a fazerem um jogo do empurra empurra para espetar um micro na boca de qualquer pseudo personalidade fideputapolitica que por lá aparece para ganhar um tempo de antena a fazer um basqueiro de injurias contra a tal da Justiça, o tal do juiz, o tal do tal qualquer que seja...
A imagem é linda!! Parede grande muro alto todo caiado de branco branquinho a reflectir a luz do inverno Alentejano ali numa das capitais do Internacional Cante!!
Essa é outra!! Agora, é que é!!! O cante agora é importante porque foi considerado importante lá fora!! e lá voltam as hordas de jornalistas, de pseudointlectuais a delirar por tamanha conquista que se junta ao Fado também...
Pobre País este... que só dá valor ao que temos cá dentro quando vem de fora..e acha que a nossa História não nos pertence...
Mas não é de agora, já tem muitos anos esta sina. também não é do tempo do velho senhor que caiu da cadeira no forte ( onde estava a passar férias, e não tinha sido mandado para lá...).
Também não vem da altura épica da infame carbonária e sua mãe, responsável primeira pelo descalabro a que chegamos.
Faz parte de nós, talvez desde as invasões francesas e do grito do ipiranga. É uma sina que se tornou intrínseca no nosso DNA que separou o Portugal de antes com o Portugal de agora, e que ainda chega ao nossos dias.!!
Basta ver os programas de televisão sobre os nossos descobrimentos e as nossas aventuras pelo mundo. Nunca ninguém, nenhum apresentador, nenhum historiador, nenhum comentador fala na primeira pessoa do plural quando se refere aos nossos feitos pelo mundo. "Nós chegamos a Malaca..."
Falam sempre na terceira pessoa do plural "Os Portugueses chegaram a Malaca..."
É por este pequeno e importante pormenor que NÓS vamos continuar pequenos. Porque NÓS não admitimos que FOMOS grandes. E SOMOS Portugueses, os mesmos que chegamos a todos os cantos, muito antes que outros.
Mas pelo que se passou, passou o País a estar eufórico ( tanto para um lado como para o outro) como se um grande acontecimento anormal tivesse acontecido. A Noticia lá do inquilino de Évora passou a ser importante, mas só depois de levarmos com outra catrefada de peças sobre o impacto internacional da noticia e a cobertura pelos média estrangeiros é que para os Jornalistas é que a noticia passou a ser importante.
À conta delas ( da noticia e da cobertura internacional) os nossos rapazes sentiram-se o centro do mundo!! Agora sim, temos as atenções mundiais!! qual E. I., qual guerras no médio oriente, qual Palestina, qual Turquia ou Israel....
O que tá a dar é Évora!! e a linda porta esverdeada de chapa sempre guardada pelos vetustos barrigudos guarda do belo estabelecimento.
Se nos sentarmos num restaurante com uma televisão acesa, sem som, as imagens que aparecem são deprimentes.... Uma catrefada de jornalistas a filmar um muro branco a fazerem um jogo do empurra empurra para espetar um micro na boca de qualquer pseudo personalidade fideputapolitica que por lá aparece para ganhar um tempo de antena a fazer um basqueiro de injurias contra a tal da Justiça, o tal do juiz, o tal do tal qualquer que seja...
A imagem é linda!! Parede grande muro alto todo caiado de branco branquinho a reflectir a luz do inverno Alentejano ali numa das capitais do Internacional Cante!!
Essa é outra!! Agora, é que é!!! O cante agora é importante porque foi considerado importante lá fora!! e lá voltam as hordas de jornalistas, de pseudointlectuais a delirar por tamanha conquista que se junta ao Fado também...
Pobre País este... que só dá valor ao que temos cá dentro quando vem de fora..e acha que a nossa História não nos pertence...
Mas não é de agora, já tem muitos anos esta sina. também não é do tempo do velho senhor que caiu da cadeira no forte ( onde estava a passar férias, e não tinha sido mandado para lá...).
Também não vem da altura épica da infame carbonária e sua mãe, responsável primeira pelo descalabro a que chegamos.
Faz parte de nós, talvez desde as invasões francesas e do grito do ipiranga. É uma sina que se tornou intrínseca no nosso DNA que separou o Portugal de antes com o Portugal de agora, e que ainda chega ao nossos dias.!!
Basta ver os programas de televisão sobre os nossos descobrimentos e as nossas aventuras pelo mundo. Nunca ninguém, nenhum apresentador, nenhum historiador, nenhum comentador fala na primeira pessoa do plural quando se refere aos nossos feitos pelo mundo. "Nós chegamos a Malaca..."
Falam sempre na terceira pessoa do plural "Os Portugueses chegaram a Malaca..."
É por este pequeno e importante pormenor que NÓS vamos continuar pequenos. Porque NÓS não admitimos que FOMOS grandes. E SOMOS Portugueses, os mesmos que chegamos a todos os cantos, muito antes que outros.
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