A olhar para o vale verde dos campos onde as vacas por lá pastavam, passeiam agora os cavalos e algumas cabras. A casa, encostada à mata, velha de 600 anos aponta ao por do sol e envolve um terreiro grande como se o abraçasse. No meio, bem no meio, a fonte de três andares com o leão a segurar o escudo de armas daquela, e minha também, família.
A correr ainda pouco sujo junto á grande parede de pedra passa o ribeiro que em tempos atropelava o moinho de onde saia a farinha para alimentar a casa.
De um lado a torre de menagem do outro a capela, ao lado dos portões os Castanheiros da Índia copiam os sons das ondas do mar nas suas folhas ao vento.
Por baixo da torre a passagem para a cavalariça, um túnel alto e estreito por onde os cavalos passavam dá agora passagem ás bicicletas das crianças e aos muitos beagles e outros cães de raça que por ali passam em correrias e tropelias.
no meio do corpo do meio da casa, umas escadas de granito sobem à porta da entrada protegida pelo alpendre que nos protege das chuvas invernais.
Ao lado cá em baixo por baixo da casa atravessa-se outro túnel que desagua no jardim, cheio de buxos camélias e aquelas gardénias que dão o típico cheiro daquela casa. Sobe-se as escadas também bem cobertas e chegamos à varanda forrada de azulejos com temas de caça, caçadores, cães e bosques. Ali, naquela longa varanda tomávamos o café a seguir ao almoço e o lanche. A olhar para a mata e para a Tílias gigantes lá ao fundo onde o aqueduto desemboca na fonte de S. João.
Passei muitos anos bons durante muito tempo ali naquela casa que não sendo minha faz parte de mim. Lá dentro a família a receber-nos de braços abertos, sorriso fácil e simpatia abastada. Que bom que era!! As saudades que tenho das aventuras na mata, dos mergulhos no lago que mais parece uma pista de remo.
As cavalgadas nos campos a guardar o gado. As idas ao Sobreiro Grosso, pela mata fora beber um fino ás escondidas.
As noites na cozinha, a planear aventuras guerreiras, expedições contra o inimigo imaginário.
As tarde a mudar a cama aos cavalos, a procura dos ovos no galinheiro. As tendas montadas no meio dos bambus. As quedas dos cavalos, a vacaria onde todos os dias tirávamos o leite.
E as noites dormidas naqueles quartos da casa, com namoradeiras á janela. A lareira da sala a arder. A excitação de já termos idade para entrar na sala de armas e passarmos para o terraço á tardinha para ver os campos verdes a dourarem com o sol do fim do dia.
E á noite, o aconchego dos jantares com os primos e os tios todos á volta a rir, rir, rir. A ouvir histórias do Rei, do pescador do marinheiro, do caseiro.
Pindela. foi é e será para mim um bocado grande do que sou. Não é só a casa, não é só a mata, não é só o Aranhiço e a Maestra. É a tia Carrucha o Tio Vicente a Tia Petenu, e os primos todos.
Hoje, não sei porquê deu-me para isto. Talvez esteja a ficar velho, e a ficar longe.....a querer voltar.
quarta-feira, janeiro 30, 2013
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