A Minha casa tinha o tecto inclinado, ora para a esquerda ora para a direita, dependia se estavamos a ir para lá ou a vir para cá. A parte mais alta, e onde o tecto era direito e não era inclinada era a parte menos usada da casa.
Vizinhos tinhamos, mas viviam todos por baixo. Em cima de nós, só telhas e pombos que não nos incomodavam nem muito nem pouco, salvo aquela vez que ficou no algeroz um borracho entalado. Coitado, morreu, entupiu aquilo e deixou para lá um cheiro horroroso, até que o meu afilhado Tété, que tem o mesmo nome que eu, foi lá e desfes-se do borracho ou do que restava dele.
A casa era piquena, mas era muito mesmo muito acolhedora. Um ninho prós dois pombinhos acabados de casar, só que aqui o je tem o tamanho do poupas, e a casa era demais pequena para os meus hábitos. O problema principal estava no trono. Parte fundamental de um qualquer membro da nossa estirpe.
O trono, é talvez a peça de imobiliario e a divisão da casa mais importante para os meus consaguineandos,e eu próprio. É ali que todas as manhãs nos preparamos para o dia que se nos depara pela frente. É ali que nos cultivamos a ler revistas cor de rosa ou da especialidade. É ali que lemos os mais belos livros. O trono é um refúgio. Onde podemos estar nós, só nós e mais ninguém. O silencio envolvente leva-nos á meditação. É necessário estar concentrado quando estamos no trono. Temos os nossos timings, os nossos rituais. É ali que exercitamos a mente, arrumamos a cabeça, e nos livramos das impurezas do dia.
Sem um trono decente sentimo-nos sempre cheios de alguma coisa má. Estar no trono é uma atitude uma vocação. Quem passa no trono a correr, faz porcaria de certeza. O trono é, talvez, nos dias que correm o melhor escape anti-stress que existe. Quando estamos no trono, a fazer as nossas fazedorias ninguém se chega perto. Ninguém nos incomóda. Ninguém nos chama ou pede para nos despacharmos. Sabem que ali a pressa é inimiga da perfeição.
No trono somos reis, senhores e donos do nosso tempo. É ali que montamos as estratégias diarias, resumimos as batalhas diárias. é ali que despejamos todas as energias negativas.
O prazer que existe em estar no trono é imesuravel. Nada se compara. Nem mesmo as vezes anteriores.
Agora tenhoa sorte de ter conseguido arranjar um trono só para mim. pode parecer egoismo, mas não! antes pelo contrário. Ele há coisas que não se devem partilhar. o Trono é uma delas. talvez por isso seja monarquico. Talvez seja absolutista. uma certeza vou ter, enquanto viver, vou sentar-me todos os dias no trono!!
E se poder, espero passar por muitos tronos, como tenho passado. Recordo-me aquele em Sintra onde estive petrificado a contemplar o Palácio da Vila todo iluminado. Dei por mim e perdi o jantar que se servia lá em baixo mas ninguém me incomodou.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
querido primo, que sonho!!!!! finalmente alguém põe isto por escrito!!!! e viva o trono!!!!!
Enviar um comentário