Que a força do medo que tenho,
não me impeça de ver
o que anseio.
Que a morte de tudo o que
acredito não me tape os
ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que
eu grito, mas a outra metade
é silêncio
Que a música que eu ouço
ao longe, seja linda,
ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo
seja pra sempre amada
mesmo que distante
Porque metade de mim é
partida mas a outra metade
é saudade
Que as palavras que eu falo não
sejam ouvidas como prece,
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado
de sentimentos
Porque metade de mim é o
que ouço, mas a outra metade
é o que calo...
Que essa minha vontade
de ir embora se transforme
na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão que
me corróe por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim
é o que eu penso
mas a outra metade
é um vulcão.
Que o medo da solidão
se afaste, e que o convívio
comigo mesmo
se torne ao menos
suportável.
Que o espelho reflita em
meu rosto, um doce sorriso,
que me lembro ter dado
na infância.
Porque metade de mim é a
lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais
do que uma simples alegria
para me fazer aquietar
o espírito.
E que o teu silêncio me fale
cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra
metade é cansaço.
Que a arte nos aponte
uma resposta, mesmo
que ela não saiba.
E que ninguém a tente
complicar porque é preciso
simplicidade para
fazê-la florescer.
Porque metade de mim
é platéia, e a outra
metade é canção.
E que a minha loucura
seja perdoada,
Porque metade de mim
é amor, e a outra metade...
também!
Oswaldo Montenegro
terça-feira, junho 28, 2005
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