segunda-feira, maio 09, 2005

ventania em directo

Acabamos de chegar do jantar da Tia Maria.
Tadinha dela fez oitenta e alguns, e ainda se conserva rija e cheia de genica.
Para não se fazer rogada deu a todos de entrada um cálice de Porto... reserva qqr coisa aí com oitenta e alguns anos. Foi o marido da sobrinha neta que lhe tinha ofertado faz agora oito anos, por altura do matrimónio dos dois...
ele produtor de vinho do Porto, ela enologa de vinhos do ribatejo...

A combinação estava condenada desde o principio... ela acreditava nos monovarietais e por conseguinta na monogamia...

ele via o vinho como uma combinação amorosa e deslumbrante de várias castas, e disso fazia a sua vida profissional e pessoal...
Impossivel de mudar a história de uma familia de pelo menos 200 Anos...
Mesmo que as origens tivessem sido das mais humildes... ao contrário dela que desde há 650 anos que todos os filhos ou filhas dos primógenitos eram aconchegadosa na alcofa dada por D. Fuas Roupinho, ao seu ajudante de campo e tététététra-avô da menina enologa ribatejana.

Conheceram-se no teatro Sá da Bandeira no Porto, em noite de concerto dos GNR... O Reininho cantava aquela da fogueira que ardia tanto em castelhano como em tugolês... depois cruzaram-se a caminho do bar, e por acaso confundiram o café com o descaféinado...

Ela bebeu o café, ele o descaféinado... logo no principio a coisa não pegou...Ela ficou eufórica... ele não arrebitou...

voltaram para a sala para seguir o espectaculo... enquanto o Reininho cantava as dunas, ela pulava em moches violentos... até que parou nos braços dele...

Desde aí nunca mais se largaram, só que enquanto ela se segurava para ele a amparar e proteger, ele achava que ela tinha saltado para os seus braços para o amar e ser amada... PURO engano...
Mas a coisa durou anos.... ele com os vinhos generosos lá ia dando um seu ar de generosidade... ela com os monocastas lá ia assentando os seus principios monogamicos....

Até que um dia ele chegou a casa, vindo de uma caçada de amigos lá para os lados de montesinho... Não havia vinho, só uisque, e as lebres que tinha falhado, não foram mortas intencionalmente... nem a porrada que deu nela quando chegou a casa foi dada sem intenção... se ele não sabia porquê que lhe bateu... de certo que ela saberia...

Desde esse dia tudo mudou... tudo foi diferente... tudo se transformou....
com excepção do vinho...

No Douro, generoso e cheio de animadas castas.... No Ribatejo, monocastico, e ás vezes mais adstringente mas com uma consistencia e qualidade bastante rica...

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