-Ele é assim, demora horas no banho.... Ó Cardoso!! tá tudo à tua espera, gritava a Tia Mia.
E o Cardoso, nosso Tio João, aparecia impecávelmente aprumado. Sempre ! todas as noites. Nenhum vinco fora de sitio, nenhuma camisa, ou gola amachucada. sempre impecavel , com um cabelo puxado atrás bem fixo com brilhantina, uma poupa relegiosamente ondolada para a direita. Bem disposto, soltava sempre umas boas gargalhadas. Era o Tio que ria, ria connosco miudos, ria com a nossa Avó, ria com todos , com uma gargalhada solta bem disposta, e bem alta para todos ouvirem.
Em Cascais esperavamos sempre a chegada do Tio João. sabiamos que iriamos ter os tempos ainda mais ocupados, e todos os dias eram uma nova lição.
Ainda me lembro o excitamento que era, vê-lo debaixo da varanda a tirar do saco no meio de kilos de pó de talco o Repimpa, e começar a enche-lo com aquelas sandálias castanhas e a montá-lo. era uma especie de abertura oficial do Verão. o repimpa era o nosso companheiro de aventuras, a nossa sala de aulas, o nosso navio escola, solario, piscina, barco de pesca, boia de descanso, e o Tio João o mentor. Aprendamos as cores das águas do mar, os tipos de transparências, os limos as rochas e toda a costa desde Santa Marta ao Estoril. Não havia canto que não fossemos, nem recanto que não paravamos. Sempre a remos no repimpa os dias eram enormes. Depois zarpavamos ao Oeste, para o casal no Turcifal. O Cardoso não parava do telhado até à Cisterna tudo concertada, e lá fumava o seu ventil. De lá voltava com a mala cheia, uvas figos pera e nêsperas da nespereira... Fartura sem igual.
Depois ruma vamos a norte e o Cardoso, com o bicho carpinteiro vestia o fato macaco e não parava o dia inteiro.
Eram os canos, os marcos das estrema, os ramos das árvores umas grande outras pequenas, e como não era azelha até tinha tempo para as abelhas.
Que bom que foi, que bom que gozei, também levei mas olhando agora passados anos que bom que tive para mim um tio assim.
Estava sempre pronto a dar-nos mais uma volta no barco, em cada volta aprendiamos coisas novas, as rochas, os peixes, as marés , as ondas, até os tons de tranaparencia das águas, as alforrecas, e as canções. Partilhava também bocados da vida dele, com primos, amigos e irmãos, as pescarias que fazia no Belmar, os jogos de ténis com o Tio Táta.
Levava-nos de manhã á lota para ouvir o leiloeiro cantar de trás para a frente. Passeavamos a pé por Cascais, e em cada canto cada recanto havia uma história.
Não parava um segundo, só o via descansar um bocado a seguir ao almoço para fumar um cigarro. de resto passava os dias sempre a fazer qualquer coisa.
Um engenhocas. No carro tinha uma mala que era a inveja de todos. Carregadinha de ferramentas de todo os tipos e para tudo que fosse preciso. ao lado sempre um fato de macaco castanho claro. Sempre que o vestia sabiamos que alguma coisa nova ia aparecer.
Cestos para secar figos nas arvores, mesas de rede para a fruta náo apodrecer, cimento na muralha protegido com camara de ar para náo riscar as escadas, bancos de jardim, alarmes para a caldeira quando a água vinha por fora. puzzles, instaloções electricas, canalizações, suportes para as bicicletas, pranchas de esferovite, colmeias, massa vidraceira, janelas e portas, mesas e tampos, bancos e cadeiras, pinturas, despinturas, escadotes, escadas de corda, farois de nevoeiro, fogos de artificio.... não havia nada que o sr, Cardoso não fizesse e não nos ensinasse a fazer.
Em Brito, na Pedrafurada, aprendemos tudo sobre as águas, sobre as extremas, sobre os campos dos vizinhos, sobre a historia das outras casas. Passeios no monte diarios. arranjos, arranjinhos e arranhões....
-Vamos ver as extremas!, dizia. E nós lá seguiamos a tarde toda pelo monte a dentro a contar marcos a procurar leiras e bouças, a descobrir penedos e nascentes, vias romanas,ermidas e moinhos.
Era o Tio que gostava do vinho lá de casa, que o bebia com gosto às refeições. Para o sr. Cardoso havia sempre uma jarra saida da pipa.
O Tio João foi isso tudo e muito muito mais.
Estava sempre pronto a dar-nos mais uma volta no barco, em cada volta aprendiamos coisas novas, as rochas, os peixes, as marés , as ondas, até os tons de tranaparencia das águas, as alforrecas, e as canções. Partilhava também bocados da vida dele, com primos, amigos e irmãos, as pescarias que fazia no Belmar, os jogos de ténis com o Tio Táta.
Levava-nos de manhã á lota para ouvir o leiloeiro cantar de trás para a frente. Passeavamos a pé por Cascais, e em cada canto cada recanto havia uma história.
Não parava um segundo, só o via descansar um bocado a seguir ao almoço para fumar um cigarro. de resto passava os dias sempre a fazer qualquer coisa.
Um engenhocas. No carro tinha uma mala que era a inveja de todos. Carregadinha de ferramentas de todo os tipos e para tudo que fosse preciso. ao lado sempre um fato de macaco castanho claro. Sempre que o vestia sabiamos que alguma coisa nova ia aparecer.
Cestos para secar figos nas arvores, mesas de rede para a fruta náo apodrecer, cimento na muralha protegido com camara de ar para náo riscar as escadas, bancos de jardim, alarmes para a caldeira quando a água vinha por fora. puzzles, instaloções electricas, canalizações, suportes para as bicicletas, pranchas de esferovite, colmeias, massa vidraceira, janelas e portas, mesas e tampos, bancos e cadeiras, pinturas, despinturas, escadotes, escadas de corda, farois de nevoeiro, fogos de artificio.... não havia nada que o sr, Cardoso não fizesse e não nos ensinasse a fazer.
Em Brito, na Pedrafurada, aprendemos tudo sobre as águas, sobre as extremas, sobre os campos dos vizinhos, sobre a historia das outras casas. Passeios no monte diarios. arranjos, arranjinhos e arranhões....
-Vamos ver as extremas!, dizia. E nós lá seguiamos a tarde toda pelo monte a dentro a contar marcos a procurar leiras e bouças, a descobrir penedos e nascentes, vias romanas,ermidas e moinhos.
Era o Tio que gostava do vinho lá de casa, que o bebia com gosto às refeições. Para o sr. Cardoso havia sempre uma jarra saida da pipa.
O Tio João foi isso tudo e muito muito mais.