segunda-feira, novembro 05, 2012

Alto Duorum Superior

Ele há ás vezes profissões bastante agradáveis no meio de tantas outras menos tais.
Já lá tinha ido ainda o projecto rondava o principio de um principio de anos. As encostas já tinham sido domadas e socalcadas, as vistas já se viam, o verde já lá estava, o rio já lá passava, mas ainda não se via as vinhas encarriladas nos arames nos socalcos. Só se imaginava o que daí viria, só sonhava o que daí se provaria.
Agora, passados uns anos, deram-me a oportunidade de lá voltar e acabar com todas as duvidas. A ultima vindima, já dali vai fazer-nos provar e aprovar degustar com gosto o gosto posto neste projecto ali, nas encostas do Douro Superior num sitio do outro mundo onde sendo Portugal nada tem a haver com o nosso País e o seu triste fado.
Duorum é um projecto , um sonho, uma aventura!!! e Agora é uma prova viva da vontade de duas pessoas, duas Grandes pessoas. Daquelas que mostram ainda o que é ser Português.Duorum leva-nos a sentir que afinal, apesar de todas as crises, todos os obstáculos e dificuldades ainda se consegue criar  belas criações e sonhos que se tornam realidade.
A entrada com dois valentes e majestosos muros de pedra leva-nos por uma alameda de calçada direitos ao que agora é o pavilhão da Quinta de Castelo Melhor, a única construção que alberga uma sala de grande vidraças viradas a Norte e a Sul, onde um terraço se esplana para a vista magnifica dos vinhedos, são 300 metros até lá abaixo ao Douro, aquele rio onde nascem sonhos e vinhos. Ao fim do dia conseguimos ver o ouro do Douro reflectido no Sol, assim como de manhã quando o astro aparece lá no fundo escondido pelo monte Calabrica, como que anunciando mais um ciclo.
Os socalcos caiem desde o terraço, directos até ao rio, bem regados com uma rega gota a gota que deixa todos os dias um milhão de litros nos pés das vides. Da obra para a rega, um deposito construído no ermo mais alto da quinta, é cheio todos os dias por fortes estações de bombagem elevatória que fazem subir do rio até ao pico as águas necessárias.
No casão da Quinta, qual pavilhão de caça encontramos uma sala de estar para receber os convivas, equipada com cozinha e sala de jantar, ou almoço, ali está-se bem. muito bem. Com sofás convidativos ao remanso entre uma boa refeição e um bom excelente vinho.
A sul do pavilhão um busquete começa a surgir, entre carvalhos, magnólias, tílias, alguns cedros, oliveiras e castanheiros ali plantados para num futuro abrigar uma sombra convidativa ao descanso dos afazeres diários.

Descendo a encosta socalcada até ao rio chegamos à antiga plataforma da antiga estação de Castelo Melhor, hoje em dia toda desfeita, mostrando um Portugal infelizmente actual. Mas aqui a vontade é mais forte que a realidade e um projecto turístico, ligado ao grandioso projecto vínico está ligado mano a mano, com a força de grandes feitos. Dos edifícios agora descalços de soalho, destapados de telhas e mas ainda vestidos com cal e azulejos, espera-se que o nascer de um pois para os barcos que sobem o rio carregados de turistas ávidos a provar aqueles nectares e saborear aquelas gastronomias que só ali fazem sentido ao gosto. Das casas dos chefes de estação do antigo armazém dos vinhos e azeites, das cortes do gado agora em ruínas absolutas irá nascer um núcleo turístico, enofilo e gastronómico para acolher felizardos prontos a experimentar todas as grandiosas esxperiencias do local.
Para jusante, junto ao rio vemos a boca de um velho túnel, construído à força de braços galegos dinamite e quiçá vidas para vencerem a natureza e dar a estes povos afastados do mundo um bocado de mundo de há dois séculos passados. Agora tudo voltou ao antigamente, tudo parado tudo adormecido e ali, aquele túnel vai continuar, para poder dar a gerações futuras de aves de rapina, e outras locais, uma vida futura. Onde os amantes da natureza vão poder ver exemplares únicos no mundo.

Este é o Duorum de hoje que eu conheci, e com esperança de muitas vezes mais poder passar por ali para ver o Duorum de amanhã crescer, e voar.